domingo, 12 de dezembro de 2010

Uma apaixonada carta de amor







Eu sei que hoje é um dia especial para mim; entretanto, hoje é só mais um dia especial porque, desde que te conheci, todos os meus dias se tornaram especiais. Desde que nos encontramos e nossos olhares se cruzaram, eu tive a certeza de que havia garimpado nesse imenso garimpo chamado mundo o diamante mais raro e encantador que meus olhos tiveram o deleite de ver. O brilho, as sensações indizíveis e o júbilo em meu coração me deram certeza de que você era a pessoa que o criador havia reservado para me completar. A partir do instante em que te conheci, foi como se uma cortina de fumaça se dissipasse de meus olhos. Eu passei a ver o mundo mais colorido, a beleza na feiúra, a alegria na tristeza, e até mesmo a ter esperança de que um dia a paz e a harmonia reinarão neste nosso planeta tão castigado pelas guerras e pela intolerância. Na verdade, meu amor, eu me tornei um sonhador, o mais idealista dos homens. Eu simplesmente descobri que não há sentimento mais belo, mais intenso e capaz de transformar uma pessoa tanto quanto o amor. A vida, às vezes, pode se tornar muito difícil, mas quando a gente está amando não existem dificuldades e nem obstáculos que não possam ser ultrapassados. Ah, meu amor! E se nesse dia eu me sinto a pessoa mais feliz do mundo, alguém cujo amor é mais forte, intenso e avassalador que qualquer outra força na natureza, eu devo tudo isso a você; a você que apareceu assim tão de repente em minha vida e me transformou; e me transformou a tal ponto que, de quando em quando, eu mesmo nem acredito que esta pessoa é eu mesmo. Por me fazer tão feliz, por me ter dado uma nova vida, por me ter feito acreditar novamente eu te dedico do fundo do coração estas palavras simples e verdadeiras, como é o meu amor por você. Que este dia tão importante para mim, para nós dois, se repita por toda a eternidade...






sábado, 21 de agosto de 2010

Retorno




Meus saltos altos e finos toctoavam lentamente na larga calçada enquanto meus olhos se enchiam de lágrimas. Os pensamentos estavam bem longe das belas vitrines que se dispunham diante de mim. As cores não me atraiam nem etiquetas, nem letreiros, apenas nosso último encontro.

Na mão o celular mudo denunciava que tudo tinha mesmo acabado. Há dias esperava que se arrependesse do impulso de dizermos adeus um ao outro, e me procurasse. Mas não o fez, e talvez nunca o faça. Sei bem o quanto é orgulhoso e como se antecipa em suas decisões, atitude que muitas vezes o magoa. Mas não desta vez.

Arrisquei chamá-lo ao telefone em mais uma de tantas tentativas. Deixei recados e recados. Quem sabe entenderia que da minha parte não havia mágoa, nem dissabores. Talvez entendesse, mesmo sem atender à ligação, que o amava e que me arrependia de nossa separação. O seu silencio me doía o peito. Era mais que um silêncio de significados, era um ato de desprezo, ou ódio. Sinto que fui deletada de sua vida, parecia, e nada o traria de volta.

Minhas pernas bambearam de tristeza e vi encostada a uma vidraça fria com vertigens e dores. O chão me fugia dos pés e minha mente turbilhava. Não suportaria perdê-lo. A vida não teria mais razão para mim. Como poderia estar você vivendo com minha dor, com nossa ausência? Onde estariam suas mãos, seus olhos, seus lábios que tanto me disseram e que tanto me beijaram com amor. Onde estaria agora meu homem?

As pessoas passavam alheias ao meu sofrimento, quis sentar, mas não havia onde. Precisava ir embora, mas não tinha forças.

Foi quando senti vibrar o celular com seu número na tela. Minha cabeça rodopiou e sequei ligeiramente os olhos para confirmar os algarismos, enquanto ia dizendo “alô”.

Um breve silêncio antecedeu sua resposta. Tremeram minhas mãos e gelaram meus dedos.

Até que, do outro lado sua voz máscula um tanto sôfrega como a minha, respondeu e foi dizendo que me queria de volta e que me amava que estava sofrendo muito. Disse tudo de uma só vez sem pausa. E completou que só voltaria se fosse para casar para termos pelo menos três filhos. Depois sorriu alto e esperou minha resposta.

Inerte, apoiada na vidraça permaneci. Balbuciei um sim, fraco e débil. Mas logo o corrigi em voz bem alta para não haver engano: Quero sim me casar com você e ter muitos filhos, dormir e acordar ao seu lado, quero chorar e rir com você, quero envelhecer ao seu lado, te amparar e sentir seus ombros amparando meu corpo frágil na velhice.

Isto é sim, querida? - disse-me entre risos

É. É o maior sim da minha vida. - respondi sorrindo

Rimos juntos e era tão bom o som de nossas risadas.



autor: Ana Maria Maruggi


sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

AMOR IMPOSSIVEL - PAULO SARTORAN






Tomo a liberdade de aqui ressaltar e publicar um texto gostoso, um de tantos que ele escreve, onde ele fala de amor proibido. Acredito que faz parte do grupo de texto CRÔNICA SURREAL. Aproveitem para visitar o Blog do Paulo: http://paulosartoran.blogspot.com/


AMOR IMPOSSÍVEL
Paulo Sartoran


Voltou-se para casa acelerado, pisando ódio e calçada até lhufas, cuspindo abelha e zangão, estufado de vermes do amor, inchado de raiva e desprezo reviu-se o futuro, gozado até lá e distante até cá nos seus sonhos, a paz lacerada por lampejos de beijos de línguas nas cordas vocais, cujas mãos se saudavam em repulsa. Se tapeasse seu rosto às esconsas fugiria dali o amor impossível, os olhos falantes brilhando à cinta-liga, a boca vermelha mexendo para os outros bom dia e pois não e para ele mordendo um silêncio lascivo que os outros diriam em vão.

Mas sofre e prefere fugir-se a amanhã em refúgio às sombras; e à solidão se avança, ele e consigo, como se dois bastassem para garantir-lhe a burrice. Avança dia após dia em retrocesso, escalando a desgraça para baixo do poço, seguindo seu corpo pujante que gritava para ele o que os outros não viam.

E corre. Corre atrás dela nos sonhos e nos sonhos vai preso por achaques de repressão e moralismo, destinado à masmorra a golpes de rabugice lhe açoitam cruéis a libertínia, sangrando volúpia tantos graus seguisse acima. Cai sem sentidos aqui e acolá lhe sobem a serra e lhe mostram a corda, pendurada num alto de galho lhe sorrindo ao pescoço em prenúncio de heresia. Ouve as sirenes e sufoca num anseio incontido, vermelho e espumante lhe batem no peito e lhe desfibrilam os prazeres da carne, trazendo ao passado um resto de azedo e misto de dor e ponta que lhe passa a cutucar no começo e se deflora ao enfiar-se a mão no peito, trazendo um maço de rosas vermelhas que ela plantara em sinal de desejo