terça-feira, 26 de agosto de 2008

Emoção em todos os sentidos - Noemi Carvalho


Emoção em todos os sentidos


Que alma tão feminina
Está em mim
Quando meu olhar
Só se casa
Com a luz dos seus olhos?
Quando minha pele alva
Só é macia,
Se ao toque de suas mãos
E minha voz é bálsamo
Que eterniza momentos de paixão?


No perfume
De sua essência,
Minha boca absorve
O gosto do seu molhar
E esta alma tão intensa
É de mulher,
Voz feminina do verbo amar.
(colaboração da autora: Noemi Carvalho)

domingo, 24 de agosto de 2008

Victória, nossa poetisa mirim - na Bienal Internacional do Livro!


Uma graça com charme no olhar, menina ainda de onze anos, Victória (com acento) nos presenteou com uma poesia de amor que eu faço questão de deixar aqui para todos poderem ver do que falam nossos futuros poetas:


Te amo tanto!
Só penso em você.
Te amo muito!
Não consigo te esquecer...
Tenho um coração cheio de paixão!
E emoção por você...
Te amo e espero te amar sempre!
Vou querer te agradar,
Preciso falar que te amo...


domingo, 3 de agosto de 2008

Olhos que amam - Ana Maria


Dançam curiosos olhinhos da moça apaixonada
Jogam-se afoitos de um lado para outro, donos do mundo!
Olhos líricos umedecidos de desejo, repletos de sonhos
Amadurecidos pelo encanto de amar, latejam fundo

Quisera ter nos meus essa paixão latente de moça trigueira
Se assim fosse, eles enlouqueceriam de rodopios trôpegos!
Latejariam perdidamente e encharcariam num segundo
Meus olhos afoitos se embebedariam de sonhos sôfregos.

Eles que tudo revelam em seus movimentos
Que declaram amor sem palavras, sem voz, sem som...
Gritam, e clamam em ruidoso silêncio pelo ardor do amar!
Inquietos, amam com gestos chamativos de luz néon.

Meus olhos perdidos e escandalosos dançariam frenéticos
A música que meu coração cantasse no afã de amar!
Seriam faróis ofuscando o mundo diante deles
Seriam oceanos onde os seus poderiam eternamente navegar...

O senhor e a plebéia - Ana Maria



Marcas deixadas na estrada de terra batida;
Rodas de aro de ferro fundido
E as ferraduras de Frida fincadas no chão.
No ar a neblina cai destemida
No rosto de Vini o semblante atrevido
E o envelope branco apertado na mão.

Levando amor naquela missiva
Que Vini nutre pela plebéia
Moça de exóticos traços morenos
Olhos calados lábios serenos
Ele, nobre senhor da Galiléia
Ela, rainha do povo, uma diva.

O moço, suando na noite fria
Ordenando “mais rápido”, ao cocheiro
Peito arfando de agonia
Lábios serrados, contraídos
Coração em chamas feito um braseiro
Afetado pela paixão, pela alquimia.

Ela no catre de seu casebre
Suave aparência de mulher amada
Intensos pensamentos majestosos
E lânguido olhar apaixonado
Tudo parece deixa-la entorpecida.
Eis que de repente rompe-se o silêncio
Ouve-se lá longe o relinchar de Frida
Num ímpeto levanta-se a morena atenta
Deve estar chegando seu amado


À porta do casebre Frida estanca
Ouve-se o ranger seco das rodas ao frear
Vini aflito um clamor do peito arranca
À mão, a missiva que ele mesmo fez questão de entregar
No texto uma promessa de amor
Nos olhos um convite
Dos lábios ouve-se o nome de Eleonor

A rainha plebéia, surge no limiar da porta
Seu vestido se sacode com a brisa fria
De olhos úmidos, indecisos, com cautela
Eleonor, bela, ali parada, o inebria
Ele, Vini, sentindo-se arder como em febre
Estende-lhe a mão com a carta nela
Tomando, dela, a mão gelada
Declara encantado, amor à donzela

Ela, trêmula, se aproxima mais
Da boca de Vini que alí tão perto
Não tendo fronteira,
promete que em breve será seu cais.

Assim se deu o difícil romance
De Vini, Senhor da Galiléia
Com Eleonor, rainha plebéia
Repleto de jogo de olhar, cena escusa
Ele, para ela um rei
Ela, para ele, musa.

Abandonada - Ana Maria








Esta guerra é minha
Combato piamente a saudade
Guerra sem testemunha
Solitária, e sem esperança
No front permaneço estática
Meus traços agonizantes
Minh’alma sem idade
Endureço meus pensamentos
Finjo não lembrar mais
E caio na realidade
Não há mais nada ali
Não ha presença, nem lamentos
Somente opacos fragmentos
E uma dor inóspita
De amar alguém
Que não voltará jamais

Sinto sua falta - Ana Maria


Na vida que urge
Nos sentimentos marcantes...
No dia que vislumbra a noite
Na noite que empurra o dia
Na madrugada que açoita
Falta você...

Nos olhos marejados
Na boca que se inflama
No peito que sacode
No ar insistente
Na voz que não falha
Faz falta você...

No medo que esmorece
Nas mãos que tremulam
No sangue que ferve
Nas pernas bambas
No rosto fechado
No corpo arqueado
Na falta de tempo
Só falta você...

A rainha e o cavaleiro - Ana Maria



No trono vermelho Charlote, a realeza
Imponente nas vestes douradas
Deslumbrava com sua beleza

Era o ruído peculiar que o atraía
Nas danças do salão de baile
Era o farfalhar dos saiotes das moças
Que provocava-lhe tanta euforia

Quando imaginava o lugar de onde vinha
Aquele som tão íntimo, o jovem
Dançava com mais vigor com sua dama
Enquanto sonhava com as saias da rainha

Sonhadora no majestoso trono
Charlote, a rainha pudica
Era a mais bela naquele outono

O perfume que pairava pelo salão
Excitava Marco mais que podia
Fingindo, ele, de súbito, a olhava
E para ela, apenas sorria

A dona da coroa também padecia
De amor por seu cavaleiro
Amor que jamais contaria

E foi esse estranho sentimento
Ele com receio de sua ousadia
Ela não querendo parecer sua dona
Que os fez viver em tormento.
Nunca revelando o amor
Que um por outro nutria.

Estripulias do coração! - Ana Maria




Fica quieto aí, coração!
Cala-te! Sossega-te!
Acalma esse rítimo desenfreado.
Não vê que assim todos saberão
Que bates apaixonado?

Abandono - Ana Maria


Alma inquieta que leva
num caminho torto,
sem destino
sem luz, nem brilho.
Só treva.

Assim migra o coração
peregrino.
Dolorido, e cansado
o corpo
segue a trilha do amor
perdido.
Quebrado, quieto
quase morto
assim vai o coração
sofrido.

sábado, 2 de agosto de 2008

Encantamento - Ana Maria


Fluida

sua voz escorre

pelos lábios mornos

Ecoa nas paredes

de nuvens

Rebate na

essência das asas

Reverbera no solo virgem

Súbito, sua voz estanca

Volátil desaparece

Lúdico - Ana Maria


Seu corpo e curvas,

lúdicos brinquedos

que apuram meus

sentidos.

Língua de fogo,

lâmina que talha,

unhas que traçam

linhas de fuga...


Sons de você - Ana Maria




Adoro o som, a forma,
o cheiro de suas palavras.
A cor cremosa,
de tez macia,
de gestos brancos

Adoro a simbologia,
anáforas, os imperativos
As flores
desabrochadas que jorram
de sua boca às sílabas.

Curvo-me às regências
de suas frases
nunca subordinadas

Há palavras
que nunca diz
mas sempre finjo que ouço.

Há verbetes
que nunca usa
mas que anseio ainda ouvir.

Há declarações
que nunca fez
mas que espero que ainda faça.

Há sutilezas
que ainda faltam
para coroar suas falas.

Há gestos
que faltam para
suas mãos, em mim...

Loucura de amar - Ana Maria


Sangra em mim o fogo de amar
Amo-te como um pássaro ama o vento,
Como o navio deseja o mar!
Amo seu cheiro, nosso acasalamento.
Seu vigor, seu dormir e acordar.

Um sentimento desnorteante que declara
Loucura como a de um Van Gogh
Amor que ninguém jamais viveu
Nem o pintor, nem Julieta, e nem Romeu.

Amo-te sobre tudo que existe em mim
Amo-te sobre meu próprio ser, querido
Como o céu ama a estrela brilhante
Como a brisa, a relva ama
O amante, o cupido.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Pela luz dos olhos teus - Tom e Vinicius




Quando a luz dos olhos meus

E a luz dos olhos teus

Resolvem se encontrar

Ai que bom que isso é meu Deus

Que frio que me dá o encontro desse olhar

Mas se a luz dos olhos teus

Resiste aos olhos meus só p'ra me provocar

Meu amor, juro por Deus me sinto incendiar

Meu amor, juro por Deus

Que a luz dos olhos meus já não pode esperar

Quero a luz dos olhos meus

Na luz dos olhos teus sem mais lará-lará

Pela luz dos olhos teus

Eu acho meu amor que só se pode achar

Que a luz dos olhos meus precisa se casar.

Victor Hugo



Desejo primeiro que você ame,

E que amando, também seja amado.

E que se não for, seja breve em esquecer.

E que esquecendo, não guarde mágoa.

Desejo, pois, que não seja assim,

Mas se for, saiba ser sem desesperar.

Desejo também que tenha amigos,

Que mesmo maus e inconseqüentes,

Sejam corajosos e fiéis,

E que pelo menos num deles

Você possa confiar sem duvidar.

E porque a vida é assim,

Desejo ainda que você tenha inimigos.

Nem muitos, nem poucos,

Mas na medida exata para que, algumas vezes,

Você se interpele a respeito

De suas próprias certezas.

E que entre eles, haja pelo menos um que seja justo,

Para que você não se sinta demasiado seguro.

Desejo depois que você seja útil,

Mas não insubstituível.

E que nos maus momentos,

Quando não restar mais nada,

Essa utilidade seja suficiente para manter você de pé.

Desejo ainda que você seja tolerante,

Não com os que erram pouco, porque isso é fácil,

Mas com os que erram muito e irremediavelmente,

E que fazendo bom uso dessa tolerância,

Você sirva de exemplo aos outros.

Desejo que você, sendo jovem,

Não amadureça depressa demais,

E que sendo maduro, não insista em rejuvenescer

E que sendo velho, não se dedique ao desespero.

Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor e

É preciso deixar que eles escorram por entre nós.

Desejo por sinal que você seja triste,

Não o ano todo, mas apenas um dia.

Mas que nesse dia descubra

Que o riso diário é bom,O riso habitual é insosso e o riso constante é insano.

Desejo que você descubra ,

Com o máximo de urgência,

Acima e a respeito de tudo, que existem oprimidos,

Injustiçados e infelizes, e que estão à sua volta.

Desejo ainda que você afague um gato,

Alimente um cuco e ouça o joão-de-barro

Erguer triunfante o seu canto matinal

Porque, assim, você sesentirá bem por nada.

Desejo também que você plante uma semente,

Por mais minúscula que seja,

E acompanhe o seu crescimento,

Para que você saiba de quantas

Muitas vidas é feita uma árvore.

Desejo, outrossim, que você tenha dinheiro,

Porque é preciso ser prático.

Eque pelo menos uma vez por ano

Coloque um pouco dele

Na sua frente e diga `Isso é meu`,

Só para que fique bem claro quem é o dono de quem.

Desejo também que nenhum de seus afetos morra,

Por ele e por você,

Mas que se morrer, você possa chorar

Sem se lamentar esofrer sem se culpar.

Desejo por fim que você sendo homem,

Tenha uma boa mulher,E que sendo mulher,

Tenha um bom homem

Eque se amem hoje, amanhã e nos dias seguintes,

E quando estiverem exaustos e sorridentes,

Ainda haja amor para recomeçar.E se tudo isso acontecer,

Não tenho mais nada a te desejar.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Sopro - Ana Maria


Teu sopro ao sussurrar-me
Envereda pelas entranhas
Cruza meu corpo
Num crispar ligeiro
Desperta-me
Alerta-me inteira
Faz-me em pedaços
Descompassa o peito
Minguam meus gestos
Provoca suspiros
Teu sopro tão tênue
Ingênuo martírio

Vem, sussurra teu nome
Me põe num abraço
Tortura minha boca
Partindo-me em mil
Martírio indolente
Aragem mística
Vento brisante

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Tropeços - Ana Maria



Lapidando sombras
Em caminhos
obtusos
Desvendando senhas
Segredos
Revelando sonhos
de noites
escusas
Rebelando sentidos
Doces amores
que escaparam
de mim...

Adeus! - Ana Maria


Permaneces
intacto
apesar de tudo
Vi passar
o tempo
e tua falta
mantivestes em mim
Lutei para
desguardar-me
de sua lembrança
Voei por outros
Sonhos estranhos
Desnudei-me
Desfiz-me
E voltei
para certificar-me
de que
sua ausência
está presente
em mim...

Erotismo - Ana Maria


Anônimos gestos
Preces hereges
Formas turvas e
Desejos confessos
Segredos latentes
Em noites lilases
Sem lógica do tempo.
Bocas lascivas
Avesso de nós.
Mãos imprecisas
Embaixo de nós.

Proposta indecente - Ana Maria



Beija-me
com a urgência
de sua fúria
Afasta-me
de mim para fazer-me
sua
Plena de amor.
Desgoverna-me.

Entrego-me
à sua descoberta
Desvenda
os caminhos
do meu corpo
Inventa pudores
que me detenham
Inaugura
seus rumos
Inebria-me
de perfume
Faça brotar
flores
Seixos
no sal áspero
Dizer palavras
não ditas
Imprimir
marcas na sua pele

Sustenta-me
no seu corpo
Deixa-me deslizar
no seu suor
Ao teu sabor
Ao teu calor
Cala
minha boca
na tua
Cola
seus lábios
nos meus
Que entrego
minhas esperas
Ancoro
meu corpo no seu...

Rompimento...- Ana Maria



Saímos incólumes
de nós mesmos
Desde que habitamos
nossos corpos
Que nos misturamos
aos nossos sabores
Que nos umedecemos
de nossos amores

Saímos ilesos,
um do outro
Desde que nossas bocas
apaixonaram-se
Que nossas mãos
ataram-se a passear juntas
Que nos fechamos na alcova
sem culpas

Recuperando-me... - Ana Maria




E como
a folha lida,
abandonada
eu fui
Descartada
do tempo,
esquivada
da vida.

Outros olhos
os seus miravam
Enquanto
os meus
Choravam amiúde
O passado
que guardavam.


Não volte
Não volte
Este coração
Que já esteve
apaixonado
Se recupera
Lentamente
De estar
Desamparado...
Não volte
.

Permita-se! - Ana Maria


Tua
calma é
meu abrigo.
Teu
delírio
meu anseio.
Teus dentes
em mordidas
frementes
sangrando
minha carne
meu desejo.
Não conspire
contra esse
peito que de
sobressaltos
arrítmicos
está cansado.
Permita-se!

Quero o seu
cansaço
Seu laço branco.
Quero seus
pedaços
Ondas
de seu flanco.
Seu eco.
Seu silêncio.

Para ser sua - Ana Maria




Risquei de unhas
suas costas
Sangrei meu destino
no seu
Rompi templos
Seitas
Abri entranhas
Destilei veneno
Desabei em lágrimas
Na sua boca
Resistimos às
tempestades
De estrelas cadentes
Nos perdemos
nas trevas

Atei meus olhos
Minhas mãos
Acorrentei-me em você
Rompi laços antigos
Abri meu peito
Para ser sua

Inteiramente sua...


Paixão adolescente - Ana Maria


Fico aqui a observar
seu rosto
Na ingenuidade apaixonada
da adolescência
O deleite de poder te olhar
apenas
Arremesso-me mil vezes
em sua direção
E, estancada permaneço
a te olhar apenas...


Tímida,
detenho meu sorriso
Com medo
que goste de mim
Descolo-me
e fico de longe
A te olhar os detalhes.


Seu riso frágil
e brando
Seu olhar morno
e acalantador.
Cada poro seu me apaixona...

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Delírio - Ana Maria


Indecentes suspiros

Rugem ofegantes

De minha pele eriçada

Fragmentos de amor vadio

Açoitada pela boca fremente

Impregnada de tua saliva

Abandono-me aos teus

Sentidos

Incendeia-me o ventre

Arrebata-me

Reiventa-me.

Tua boca adormecida - Ana Maria


Minha boca
quer a tua,
mas a tua descansa.
Observo a forma
Um beijo desejo
Mas ela repousa.
Ingênua e pura,
tua boca de fogo
Carnuda
e nua
m’afugenta
Quando
distraída movimenta...

Tua boca
m’assusta
m’enlouquece,
m’aguça.
Mesmo quando
dorme
ela me
afronta
m’excita,
e amedronta...

Do que preciso...- Ana Maria



Preciso do pungente laço
que me prende
De sua fúria noturna
que me inunda
Sua força em brasa ardente
que me domina
Ser agraciada
com seu rugido prazeroso

Seu óbvio calor ofegante
que me rende
Preciso de você inteiro
sem medo
Transbordando meus olhos,
meu colo
Habitando meu corpo,
meu deserto,
meu covo