sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Escreva para o Blog Poesias e Cartas de Amor

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Escreva sua carta de amor ou poesia para o blog: blogcartasdeamor@gmail.com
O autor do texto deverá ser você mesmo. O site não se responsabiliza pela origem dos textos enviados. Devemos respeitar os direitos autorais de textos que estejam publicados em qualquer meio de comunicação.
Quem sabe seu texto poderá ser publicado?
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quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Te quero - Ana Maria

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Te quero

Sirvo-te em cálice sagrado
Minha tempestade de vento
Faço transbordar teu sangue
Ebulindo no teu colo
Minha fúria de amor
Enrosco-me em tuas veias
Permeio por teus pelos
Lasciva, escorro no teu corpo
Riscando marcas por onde passo
Enredando pelos seus dedos
Vasculhando seus poros úmidos
Lânguida, em trilha sinuosa
Vertendo visgo pela língua
Sossego desse lasso...


domingo, 25 de janeiro de 2009

Saudade - Ana Maria


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SAUDADE

Navego tristes olhares


Cerro sua imagem estreita


Aprisiono lembranças


Amarras elásticas do passado


Delírio de paixão finda


Sombras de ancoras jogadas


Arqueando meu corpo


Na dança desfeita


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Urge de mim - Ana Maria




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URGE DE MIM

Pulsam teus segredos dormidos


Enfurecendo sua boca calada


Rasgando minhas cautelas


Invadindo minha fronteira


Arrancando meus mistérios


Antes que o dia chegue


Antes que o fogo cesse

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Regresso - Ana Maria




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REGRESSO




Sendeiro turvo

De mortas folhas

Plúvea senda

De óbvios medos

Obscura sem legenda

Inócua trilha

Incapaz

de ser nociva

Por ela

seus passos calados

Rasteiros, sem pressa

Voltando para meus abraços...


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Obrigado por tudo - Caius Marcellus

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A carta de Caius Marcellus - publicada no www.recantodasletrass.com e no seu blog pessoal: www.caiusmarcellus.blogspot.com e que foi gentimente cedida para esta publicação pela qual agradecemos:






"Obrigado por tudo", disse, duas vezes, sempre com a cabeça baixa. Já não queria olhar nos olhos que acusavam, pois os olhos que acusavam já não eram capazes de aceitar um outro olhar como prova de uma lealdade tantas vezes declarada.

"Obrigado por tudo". E foi só o que conseguiu dizer, nó na garganta, raciocínio incapaz de coordenar a absurda quantidade de pensamentos, todos plenos de absoluta tristeza, em um momento em que preferia simplesmente não existir. De certa forma realmente não existia. Daquele momento em diante, havia deixado para tras o mundo que construíra com sentimentos reais. Restavam apenas horas vazias num tempo que se arrastava.

Sozinho na cidade cinza, não queria mais voltar para casa. No cruzamento movimentado, parou, tirou o casaco que ganhara de presente, sentiu o vento frio, um arrepio triste. Ao olhar em volta, viu-se incapaz de despedir-se de suas memórias. E soube que algumas coisas são para sempre, não importa o que aconteça.

No prédio alto, dirigiu-se às escadas. Um a um, contou os degraus todos, solenidade silenciosa, sequência morta, redundante, repetitiva. Olhou para o pulso descoberto, viu as horas. Tirou o relógio e a carteira, depositou-os com cuidado sobre a borda gasta. Nos bolsos da calça nova, apenas um documento, esta carta e a certeza de que, quando acordasse, já não mais seria parte deste mundo.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Para viver um grande amor - Vinicius de Moraes








Para Viver Um Grande Amor
Vinicius de Moraes



Para viver um grande amor, preciso é muita concentração e muito siso, muita seriedade e pouco riso — para viver um grande amor.




Para viver um grande amor, mister é ser um homem de uma só mulher; pois ser de muitas, poxa! é de colher... — não tem nenhum valor.




Para viver um grande amor, primeiro é preciso sagrar-se cavalheiro e ser de sua dama por inteiro — seja lá como for. Há que fazer do corpo uma morada onde clausure-se a mulher amada e postar-se de fora com uma espada — para viver um grande amor.




Para viver um grande amor, vos digo, é preciso atenção como o "velho amigo", que porque é só vos quer sempre consigo para iludir o grande amor. É preciso muitíssimo cuidado com quem quer que não esteja apaixonado, pois quem não está, está sempre preparado pra chatear o grande amor.




Para viver um amor, na realidade, há que compenetrar-se da verdade de que não existe amor sem fidelidade — para viver um grande amor. Pois quem trai seu amor por vanidade é um desconhecedor da liberdade, dessa imensa, indizível liberdade que traz um só amor.




Para viver um grande amor, il faut além de fiel, ser bem conhecedor de arte culinária e de judô — para viver um grande amor.




Para viver um grande amor perfeito, não basta ser apenas bom sujeito; é preciso também ter muito peito — peito de remador. É preciso olhar sempre a bem-amada como a sua primeira namorada e sua viúva também, amortalhada no seu finado amor.




É muito necessário ter em vista um crédito de rosas no florista — muito mais, muito mais que na modista! — para aprazer ao grande amor. Pois do que o grande amor quer saber mesmo, é de amor, é de amor, de amor a esmo; depois, um tutuzinho com torresmo conta ponto a favor...




Conta ponto saber fazer coisinhas: ovos mexidos, camarões, sopinhas, molhos, strogonoffs — comidinhas para depois do amor. E o que há de melhor que ir pra cozinha e preparar com amor uma galinha com uma rica e gostosa farofinha, para o seu grande amor?




Para viver um grande amor é muito, muito importante viver sempre junto e até ser, se possível, um só defunto — pra não morrer de dor. É preciso um cuidado permanente não só com o corpo mas também com a mente, pois qualquer "baixo" seu, a amada sente — e esfria um pouco o amor. Há que ser bem cortês sem cortesia; doce e conciliador sem covardia; saber ganhar dinheiro com poesia — para viver um grande amor.




É preciso saber tomar uísque (com o mau bebedor nunca se arrisque!) e ser impermeável ao diz-que-diz-que — que não quer nada com o amor.




Mas tudo isso não adianta nada, se nesta selva oscura e desvairada não se souber achar a bem-amada — para viver um grande amor.





Texto extraído do livro "Para Viver Um Grande Amor", José Olympio Editora - Rio de Janeiro, 1984, pág. 130.Conheça a vida e a obra do autor em "Biografias".




Momentos que mudaram nossas vidas...




Meu passado está dentro desta pequena caixa de papelão. Tudo armazenado em pilhas criteriosamente ordenadas numa cronologia absurdamente correta. Seu retrato é o documento número um desta ordem e nela ostenta o chapéu branco de brim que lhe dei no seu aniversário. Aliás, foi essa a primeira vez que vi você. Nem nos conhecíamos ainda e eu fui convidada por sua irmã Rebeca, amiga de escola. Uma festinha singela quase exclusivamente familiar não fosse a minha presença e a de Luisa, sua namorada.


Lembro-me como se fosse agora, o telefone tocou e era sua mãe ligando da Itália. Todos correram para o aparelho, todos queriam falar com ela. Exceto eu e Luisa. Até que você disse para sua mãe sobre sua namorada e a chamou pra dizer olá ao telefone. Fiquei só no sofá por uns instantes e você percebeu. Caminhou até onde eu estava sentando-se desajeitadamente fazendo entornar no meu vestido branco o copo de refrigerante que estava em sua mão. Num súbito pôs-se a limpar-me com a manga de sua jaqueta. A jaqueta que Luisa tinha lhe presenteado naquele dia. Ela enfureceu-se e saiu batendo os pés. Não era para acontecer assim. Me senti mal por ter sido a causadora desse distúrbio, e ela jamais o perdoou por isso... para minha sorte... para nossa sorte.


autora: Ana Maria Maruggi

Sua ausência...




O que sobrou além de sua ausência? Sobrou o medo de nunca mais sentir por alguém o amor que senti por você. Sobrou a emoção que durará em mim enquanto viver. O sabor quente dos beijos apaixonados. O leve tremor dos nossos corpos ávidos. Sobrou a lembrança de tudo tão presente.


Nada acabou em mim. Continuo te amando como naquela tarde quando nos encontramos por acaso na rua e nós enleamos em nossos abraços até o dia seguinte. Como no seu aniversário que nos enfiamos embaixo da mesa, pois tínhamos pressa de nós. Nada acabou...


Ainda não sinto saudade sua. Não sinto que você se foi. Suas mãos ainda roçam meu corpo, afagam meus cabelos. Seus lábios ainda sussurram encostados nos meus.


Não vou mudar de endereço, nem de hábitos para que você saiba para onde voltar quando finalmente constatar que somente o amor que eu sinto por você é eterno e verdadeiro.