quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Primeira vez que vi você - carta - Ana Maria


Não pude dormir aquela noite. Meu coração parecia exposto com excesso de ar dentro dele. Minhas pernas preguiçosas não obedeciam. Meus pensamentos teimavam em você.

Há tempos que me inquietava sua imagem desconhecida. Há tempos suas palavras me tocavam fundo e me enfraqueciam ao contradize-las. Há muito me engrandeciam suas
falas carinhosas e tantos elogios doces. Não consegui mais esquivar-me de você, ao contrário, te procurava ansiosa.

Tantos acontecimentos para guardar na memória...Tantas declarações tão fortes. Mas tem uma, entre tantas, imagem que ficou nítida como se ela se repetisse quando fico sozinha comigo mesma: Você chegando, timidamente, com um buquê de flores mistas nas mãos...Tinha um sorriso inseguro e gestos certeiros...E um beijo inesquecível!

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Cartas Trocadas - cartas - Ana Maria




Organizando velhos papeis deparei-me com um calhamaço de cartas com envelopes iguais.


Eram as suas cartas. Todas elas estavam ali me dizendo o que fomos um para o outro.


Fiquei surpresa de ver que eu ainda titubeava diante de suas palavras. Mesmo que elas estivessem dobradas numa folha de papel amarelecido pelo tempo.
Um pedaço da minha história estava ali guardado dentro de tantos envelopes. Foi assim que ficou nosso amor, fechado em cartas que escrevemos, e que às vezes nem enviamos.

Abri uma delas para me certificar de que o passado não me afetaria. Mas qual o que? Você estava lá me dizendo que minha voz te inebriava. Que meus passos mansos causavam ciúme em você. Que minha boca deveria calar para o mundo e falar apenas para você. Que seus sonhos eram todos com nós dois. Me lembro do que senti quando li esta carta e tive medo de ser eternamente prisioneira do seu coração. Talvez nesse momento nosso relacionamento tenha começado a perder o perfume...

E hoje estou aqui depois de tantos anos me torturando com a dúvida: Será que teríamos sido felizes se continuássemos?

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Revelação - Ana Maria



Os livros me dominavam, me enchiam as manhãs, me ocupavam as tardes e me insoniavam à noite. Era assim que vivia antes de sentir seu perfume. Minha vida era dedicada aos meus conhecimentos apenas. Eu não sabia que o que eu mais precisava conhecer, o sentimento mais nobre e mais forte que eu carregaria pelo resto de minha vida, não estava nos livros que eu folheava atenta. Não estava nos bancos das escolas, nem documentos que eu redigia com tanto prazer.

O resto de minha vida estava marcado com sua chegada. Flores nas mãos, sorriso encabulado, e luz no olhar. Era essa a imagem que ficaria para sempre comigo.

Carícias - Ana Maria


Isso, afaga meus olhos com os seus. Banha o meu olhar com seu sorriso. Diga palavras azuis com sons cor-de-rosa. Segura minha mão, aprisiona meu corpo no seu. E permita que sua respiração ofegue...
Ana Maria Maruggi

Um final de tarde especial - Ana Maria



Caminhávamos de mãos dadas pela rua molhada. Desafiávamos os passantes com nossos risos descomprometidos, com nossos abraços recheados de ternura. Ninguém naquele momento parecia amar alguém mais do que nós nos amávamos. Lembra disso? Lembra como seus olhos se perdiam nos meus enquanto falava do nosso futuro? Sua boca irrequieta se apressava em me prometer uma vida de amor e paixão. Lembra? Chovia a cântaros naquele final de tarde, e aquele foi o cenário que escolhemos para viver momento tão especial.


Sua mão apertava a minha. Sua voz estava trêmula. Um calor inexplicável andava pelo meu corpo. E as palavras não escolhidas chegavam lentamente aos meus ouvidos. Era a mais linda declaração de amor que uma mulher poderia ouvir!


A chuva estancou. Os ruídos cessaram, e apenas sua voz existia naquele instante. Um momento mágico. Uns riscos de água escorriam dos seus cabelos mas as palavras ainda chegavam ...lentas e mágicas...traduziam o amor que você sentia por mim, prometiam felicidade e paixão... lentas e mágicas palavras de amor...

Inesquecível final de tarde ...

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Ternas provocações - Ana Maria


Era o vento que brincava de espalhar seus cabelos no momento em que nossas bocas se beijavam na praia.
Era de novo o vento que, deliciosamente, balançava sua blusa branca mostrando de leve suas formas sob ela, me provocando.
E outra vez o vento sacudia sua saia tornando-a menina divertida diante do incontrolável.
Deslumbrado, até do vento tenho ciúme. Ele que te toca de maneira assintosa, te alegra, te refresca, te insinua. Queria ter o poder do vento para rodopiar no seu corpo e faze-la rir diante do meu deslumbramento. Jogar com seus cabelos, espalha-los, desnorteá-los. Bulir com suas roupas e invadir o que elas escondem.

E depois sair ileso tendo provocado em você emoções e sensações repentinas e incontroláveis.


domingo, 21 de outubro de 2007

Neruda falando sempre de amor






É assim que te quero, amor,

assim, amor, é que eu gosto de ti,

tal como te vestes

e como arranjasos cabelos

e comoa tua boca sorri,

ágil como a água

da fonte sobre as pedras puras,

é assim que te quero, amada,

Ao pão não peço que me ensine,

mas antes que não me falte

em cada dia que passa.

Da luz nada sei, nem donde

vem nem para onde vai,

apenas quero que a luz alumie,

e também não peço à noite explicações,

espero-a e envolve-me,

e assim tu pão e luz

e sombra és.

Chegastes à minha vida

com o que trazias,

feita

de luz e pão e sombra,

eu te esperava,

e é assim que preciso de ti,

assim que te amo,

e os que amanhã quiserem ouvir

o que não lhes direi, que o leiam aqui

e retrocedam hoje porque é cedo

para tais argumentos.

Amanhã dar-lhes-emos apenas

uma folha da árvore do nosso amor, uma folha

que há-de cair sobre a terra

como se a tivessem produzido os nosso lábios,

como um beijo caído

das nossas alturas invencíveis

para mostrar o fogo e a ternura

de um amor verdadeiro.


Pablo Neruda




Os teus pés


Quando não te posso contemplar

Contemplo os teus pés.


Teus pés de osso arqueado,

Teus pequenos pés duros,


Eu sei que te sustentam

E que teu doce peso

Sobre eles se ergue.


Tua cintura e teus seios,

A duplicada purpura

Dos teus mamilos,

A caixa dos teus olhos

Que há pouco levantaram voo,

A larga boca de fruta,

Tua rubra cabeleira,

Pequena torre minha.


Mas se amo os teus pés

É só porque andaram

Sobre a terra e sobre

O vento e sobre a água,

Até me encontrarem.

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Paixão revelada - ANA MARIA



Impressionava-me o sentimento que de repente crescia em mim.

O que antes me parecia ser uma amizade comum agora se transformava num mar de paixão.
Como nunca havia percebido que você seria o homem da minha vida?
E pensar que tantas vezes deixava de lhe dar atenção devida, tantas vezes ignorava seus telefonemas, imaginava que seus bilhetes eram brincadeiras sem nexo. Tantos sinais, e eu não decifrava nenhum deles.
Que tola eu fui! Quase o perdi com o desdém que tinha sempre preparado para você.
Até que naquele dia uma mensagem sobre minha mesa me convidava para almoçar. Era anônimo o convite. Compareci ao endereço para satisfazer minha curiosidade, e lá estava você. Desta vez o enxerguei diferente, parecia até outra pessoa. Seus olhos me encararam inocentes e cativantes. Sentei-me ao seu lado e nesse momento lamentei ter perdido tanto tempo me esquivando de você.
Era o primeiro dia do resto de nossas vidas...



quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Olavo Bilac



Soneto 1

Talvez sonhasse, quando a vi. Mas via
Que, aos raios do luar iluminada
Entre as estrelas trêmulas subia
Uma infinita e cintilante escada.

E eu olhava-a de baixo, olhava-a...
Em cadaDegrau, que o ouro mais límpido vestia,
Mudo e sereno, um anjo a harpa doirada,
Ressoante de súplicas, feria...

Tu, mãe sagrada! vós também, formosas
Ilusões! sonhos meus! íeis por ela
Como um bando de sombras vaporosas.

E, ó meu amor! eu te buscava, quando
Vi que no alto surgias, calma e bela,
O olhar celeste para o meu baixando...




Olavo Bilac

Artur Azevedo - Musa Infeliz


Musa Infeliz

Todo o cuidado nestas rimas ponho;
Musa, peço-te, pois, que me remetas
Versos que tenham rútilas facetas,
E não revelem trovador bisonho.
Meia noite bateu. Sai risonho...
Brilhava - oh, musa, não me comprometas! -
O mais belo de todos os planetas
N'um céu que parecia um céu de sonho.
O mais belo de todos os prazeres
Gozei, à doce luz dos olhos pretos
Da mais bela de todas as mulheres!
Pobres quartetos! míseros tercetos!...
Musa, musa infeliz, dar-me não queres.
O mais belo de todos os sonetos!...

Artur Azevedo

Luis de Camões - Quem diz que Amor é falso ou enganoso...



Quem diz que Amor é falso ou enganoso,

Ligeiro, ingrato, vão desconhecido,

Sem falta lhe terá bem merecido

Que lhe seja cruel ou rigoroso.
Amor é brando, é doce, e é piedoso.
Quem o contrário diz não seja crido;
Seja por cego e apaixonado tido,
E aos homens, e inda aos Deuses, odioso.
Se males faz Amor em mim se vêem;
Em mim mostrando todo o seu rigor,
Ao mundo quis mostrar quanto podia.
Mas todas suas iras são de Amor;
Todos os seus males são um bem,
Que eu por todo outro bem não trocaria.

Fernando Pessoa - Teus olhos entristecem...


Teus olhos entristecem.

Nem ouves o que digo.

Dormem, sonham esquecem...

Não me ouves, e possigo.


Digo o que já, de triste,

Te disse tanta vez...

Creio que nunca o ouviste

De tão tua que és.


Olhas-me de repente

De um distante impreciso

Com um olhar ausente.

Começas um sorriso.


Continuo a falar,

Continuas ouvindo

O que estás a pensar,

Já quase não sorrindo.


Até que neste ocioso

Sumir da tarde fútil,

Se esfolha silencioso

O teu sorriso inútil.

Fernando Pessoa, 19-10-1935

Bodas e seus simbolos


E tudo isso para nos unirmos e para alcançarmos muitas bodas de relacionamento. Noites e dias enlaçados pelo nosso ardoroso sentimento como se cada dia fosse nosso último.


1 ano Bodas de Papel
2 anos Bodas de Algodão
3 anos Bodas de Trigo ou Couro
4 anos Bodas de Flores e Frutasou Cera
5 anos Bodas de Madeira ou Ferro
6 anos Bodas de Perfume ou Açúcar
7 anos Bodas de Latão ou Lã
8 anos Bodas de Papoula ou Barro
9 anos Bodas de Cerâmica ou Vime
10 anos Bodas de Estanho ou Zinco
11 anos Bodas de Aço
12 anos Bodas de Seda ou Ônix
13 anos Bodas de Linho ou Renda
14 anos Bodas de Marfim
15 anos Bodas de Cristal
16 anos Bodas de Safira ou Turmalina
17 anos Bodas de Rosa
18 anos Bodas de Turquesa
19 anos Bodas de Cretone ou Água Marinha
20 anos Bodas de Porcelana
21 anos Bodas de Zircão
22 anos Bodas de Louça
23 anos Bodas de Palha
24 anos Bodas de Opala
25 anos Bodas de Prata
26 anos Bodas de Alexandrita
27 anos Bodas de Crisopázio
28 anos Bodas de Hematita
29 anos Bodas de Erva
30 anos Bodas de Pérola
31 anos Bodas de Nácar
32 anos Bodas de Pinho
33 anos Bodas de Crizo
34 anos Bodas de Oliveira
35 anos Bodas de Coral
36 anos Bodas de Cedro
37 anos Bodas de Aventurina
38 anos Bodas de Carvalho
39 anos Bodas de Mármore
40 anos Bodas de Rubi ou Esmeralda
41 anos Bodas de Seda
42 anos Bodas de Prata Dourada
43 anos Bodas de Azeriche
44 anos Bodas de Carbonato
45 anos Bodas de Platina ou Safira
46 anos Bodas de Alabastro
47 anos Bodas de Jaspe
48 anos Bodas de Granito
49 anos Bodas de Heliotrópio
50 anos Bodas de Ouro
51 anos Bodas de Bronze
52 anos Bodas de Argila
53 anos Bodas de Antimônio
54 anos Bodas de Níquel
55 anos Bodas de Ametista
56 anos Bodas de Malaquita
57 anos Bodas de Lápis Lazuli
58 anos Bodas de Vidro
59 anos Bodas de Cereja
60 anos Bodas de Diamante ou Jade
61 anos Bodas de Cobre
62 anos Bodas de Telurita
63 anos Bodas de Sândalo
64 anos Bodas de Fabulita
65 anos Bodas de Ferro ou Safira
66 anos Bodas de Ébano
67 anos Bodas de Neve
68 anos Bodas de Chumbo
69 anos Bodas de Mercúrio
70 anos Bodas de Vinho
75 anos Bodas de Brilhante ou Alabastro
80 anos Bodas de Nogueira ou Carvalho