domingo, 21 de outubro de 2007

Pablo Neruda




Os teus pés


Quando não te posso contemplar

Contemplo os teus pés.


Teus pés de osso arqueado,

Teus pequenos pés duros,


Eu sei que te sustentam

E que teu doce peso

Sobre eles se ergue.


Tua cintura e teus seios,

A duplicada purpura

Dos teus mamilos,

A caixa dos teus olhos

Que há pouco levantaram voo,

A larga boca de fruta,

Tua rubra cabeleira,

Pequena torre minha.


Mas se amo os teus pés

É só porque andaram

Sobre a terra e sobre

O vento e sobre a água,

Até me encontrarem.

Nenhum comentário: