que empunhas
Cercando-me
Algemando-me
com encantos
Transbordando
de silêncio
minh’alma
inocente
Azulastes
meus olhos
foscos
Desconstruístes-me
Tragastes
de meu ar
Revelastes
segredos
Entornastes
ondas
Confessastes, meu
Ficastes
em mim...
Amar, verbo intransitivo
Tarde demais..
Para
conhecer alguém
tão especial
como você.
Tarde demais
para se fazer
planos.
Tarde demais
para se fazer ninho...
Não,
não deve ser ...
Não deve ser
tarde demais para
fazer sonhos...
Não é tarde para
sentir
Nem para se
emocionar.
Não,
não é tarde para
querer.
Nem para ouvir.
Não,
nem para
desejar
Nem para
ofegar...
Muito menos para
viver...
Carlos Drummond de AndradePoeta e prosador brasileiro (Itabira, MG, 1902 – Rio de Janeiro, 1987). Poesia complexa e profunda, de múltiplas facetas: a visão de um universo grotesco, a tristeza e horror à vida, o senso de solidariedade humana, a luta pela expressão. Em gênero mais leve, como a crônica, revela, ora com desencanto, ora com espírito satírico, minuciosa observação do cotidiano. Tem sido traduzido para várias línguas. Obras principais: poesia — Alguma poesia (1930), Brejo das almas (1934), Sentimento do mundo (1940), José (1942), A rosa do povo (1945), A paixão medida (1981), Corpo (1984); crônicas —Contos de aprendiz (1951), Fala amendoeira (1957), Cadeira de balanço (1966), O poder ultrajovem (1972)
O Amor
O amor é a amizade que se incendiou.
Surge como serena compreensão,
confiança, solidariedade e perdão.
O amor permanece fiel no bem e no mal.
Não exige a perfeição
e é tolerante com as fraquezas humanas.
O amor se contenta com o presente;
espera o futuro
e não lamenta o passado.
O amor aceita o dia-a-dia com a sua enfiada
de irritações, problemas, obrigações,
pequenos desapontamentos, grandes vitórias
e objetivos singelos.
Se o amor está na tua vida
ele te ajudará a conquistar o que te falta.
Se não está,
por mais que possuas
nunca será suficiente.
autor desconhecido